sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Natália Falavigna dispara contra a estrutura esportiva do Brasil

Não era de se esperar nada menos de Natália Falavigna, 27 anos. Medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, ela carimbou o passaporte para Londres, na seletiva realizada em Querétano, no México, no último fim de semana, após passar 20 meses se recuperando de duas lesões seguidas no joelho direito. Para isso, a paranaense de Maringá foi até os Estados Unidos treinar com o mestre Jean Lopez, técnico da seleção olímpica de taekwondo dos EUA e um dos responsáveis por quebrar a hegemonia dos coreanos nos Mundiais.

Em entrevista ao Correio, a atleta criticou os treinadores brasileiros — Falavigna não trabalha com os mestres da equipe verde-amarela. Segundo ela, há uma deficiência na formação desses profissionais e os melhores nem sempre chegam a comandar o grupo olímpico. “Talvez por isso o resultado não tenha aparecido até agora”, dispara, cobrando também investimento nos novos atletas, a quem ela chama de “promessas que precisam ser consolidadas”.

Um país inteiro nas costas 


Wander Roberto/COB
"Diversos bons técnicos espalhados no Brasil não têm oportunidade na Seleção. A gente carece de capacitação dos nossos profissionais"
Você passou três meses treinando nos EUA. O taekwondo deles é melhor do que o nosso?
Com certeza. Fui buscar um treinador de fora, que é referência, porque precisava de algo mais. O Brasil tem uma boa estrutura de centro de treinamento, mas tem uma falha de treinadores, uma dificuldade nessa formação. Graças a Deus, o Comitê Olímpico fechou essa parceria com o Jean Lopez, um dos melhores mestres do mundo, e pudemos (eu, meu treinador brasileiro e minha preparadora física) ir para lá aprender um pouco mais. Isso foi muito importante para mim.

Essa deficiência nacional se deve a quê?
São vários motivos. Diversos bons técnicos espalhados no Brasil não têm oportunidade na Seleção. Os treinadores brasileiros precisam entender que devem se dedicar tanto quanto o atleta. Precisam estudar, compreender fisiologia, coisa que não é tão usada no país. A gente carece de capacitação dos nossos profissionais. Talvez por isso o resultado não tenha aparecido até agora.

Você acha que os atuais treinadores da Seleção Brasileira estão capacitados?
Eu não treino com eles, fiz a escolha de optar por outros treinadores e buscar o melhor possível, então não posso julgar o trabalho deles. O taekwondo é um esporte individual e é cada um por si.

Você ficou quase dois anos sem competir por causa de duas lesões seguidas no joelho. Ficou com medo de não voltar a competir?
Não. Isso é uma coisa que podia passar pela minha mente, mas eu me dedicava muito, então não tinha como pensar muito nisso. Quando a gente volta, tem aquela diferença de velocidade, mas essa fase passa rápido. Eu tinha muito bem claro o objetivo de querer voltar e, pelo tempo que fiquei fora, havia também aquela ansiedade. Existe o medo, claro, mas ou ele te empurra, ou você se entrega.

Nesse período, os coletes eletrônicos foram introduzidos no taekwondo. Mudou muita coisa? Como foi se acostumar a eles?
Eu nunca tinha treinado nem competido com essa tecnologia. Estranhei bastante no início, mas já aprendi como colocar o pé para o chute encaixar. Fiz esse investimento para mim e outros atletas brasileiros também compraram para treinar. São equipamentos de trabalho.

Ficou desapontada com o seu resultado no Pan (eliminada logo na estreia)?
Desapontada? Não. Eu tinha uma prioridade que era a seletiva para Londres. Óbvio que nenhum atleta gosta de perder, mas não fiquei prostrada diante do resultado. Estava com o pensamento nas Olimpíadas. Era natural que as coisas não dessem certo no começo, já que eu voltava de uma lesão, mas eu tinha clareza nos meus objetivos.

E o resultado do taekwondo brasileiro? O país só conseguiu uma medalha
de bronze.
Às vezes, o atleta luta bem e o resultado não vem. Você pode falar em resultado e em performance. Os atletas brasileiros foram muito bem, atuaram como profissionais, guerreiros, mas, infelizmente, não conseguiram medalha. O taekwondo pan-americano está evoluindo muito rápido, estão buscando treinadores estrangeiros, por isso os atletas do Brasil não conseguiram resultado. Mas, em termos de desempenho, evoluíram muito bem.

Como será sua rotina até as Olimpíadas?
Muito treino, treino, treino.

Em Pequim, você foi bronze. Qual o objetivo em Londres?
É fazer o meu melhor. O meu treinamento é baseado em perfomrmance, não em resultado. Quero chegar lá e executar o que eu treinei. Medalha é consequência. Como eu tenho muito tempo até lá, não quero pensar em nada agora. Eu tenho que primeiro trabalhar, para depois falar alguma coisa.

Você vai lutar até 2016, no Rio? Vou estar velhinha, mas vou lutar sim. Só você e o Diogo Silva conseguiram a vaga para Londres-2012. Em 2016, os dois já terão rompido a barreira dos 30 anos. Você acredita que deve haver uma renovação na Seleção?
Renovação é necessária. Em 2016, a geração de atletas será outra, com 19, 20, 22 anos. É preciso investir neles. Se não estiverem preparados, serão cobrados por patrocinadores, pela mídia e não conseguirão alcançar os objetivos. Está demorando a começar. Tem de ser hoje, agora. Amanhã será tarde.

Como você vê a atual base do taekwondo brasileiro?
Precisa de trabalho. Trabalhando muito, a gente pode chegar lá. Temos promessas e elas precisam ser consolidadas. É necessário um comando que as direcione. A gente tem tudo para fazer uma festa bonita em 2016.

Muitos atletas do MMA estão estabelecendo parcerias com clubes de futebol. Antes disso, você já havia fechado contrato com o Fluminense. No que essa ligação com o futebol auxilia o atleta de outra modalidade?
O clube pode contribuir principalmente em estrutura de treino. Isso joga o esporte para o cotidiano, para as pessoas e o torna comum. E como qualquer brasileiro, a gente é fanático por futebol, e nada mais inteligente do que usar essa rivalidade para difundir as diversas modalidades, especialmente as olímpicas.


Quem é ela
Nome: Natália Falavigna Silva
Nascimento: 9 de maio de 1984
Local: Maringá (PR)
Peso: 73kg
Altura: 1,78m
Principais resultados:
» Bronze nas Olimpíadas de Pequim (2008)
» Prata nos Jogos
Pan-Americanos do Rio (2007)
» Ouro no Mundial de Taekwondo (2005)

Ponto de vista sobre a materia:

Isso vai de confronto a tudo que a nova gestão da CBTKD está implantando, é nitido que existe um racha entre a comissão tecnica e a atleta que disse:

Que não trabalha com os mestres da equipe verde-amarela. Segundo ela, há uma deficiência na formação desses profissionais e os melhores nem sempre chegam a comandar o grupo olímpico. “Talvez por isso o resultado não tenha aparecido até agora”, dispara, cobrando também investimento nos novos atletas, a quem ela chama de “promessas que precisam ser consolidadas”.

Bem como a mesma disse que nosso pais é carente e por isso ela vai aos USA para ter como ir as olimpiadas pois não temos tecnicos altamente preparados....e ela vai alem que não adianta promessas e sim as consolida-las, bem não é a primeira vez e pelo visto não será a ultima que a confederação e suas gestões quem já fez isso nitidamente foram Diogo Silva em diversas midias, Marcio Venceslau,Fabio Goulart  entre tantos outros.

Nos resta esperar para ver o que dá pois pelo que a Natalia falou na entrevista nossos tecnicos são da varzea e não vale a pena ter se quer cursos com essa turma ai, vamos atráz dos gringos.

Para a presidencia da CBTKD este blog respeita a gestão da confederação mas criticar é parte da coisa toda, vemos está gestão como o inicio da evolução do taekwondo mas precisa ter um pouco mais de entendimento e transparencia entre todos.

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