terça-feira, 14 de agosto de 2012

FABIO GOULART/TKD LIVRE - PIADA OLIMPICA

Não vou dizer nada sobre o Brasil nos Jogos pois é capaz de alguém achar que é algo pessoal e tal....
Eu prefiro nem comentar...

Mas aí vai um texto do meu amigo Edmilson, que mora nos Estados Unidos.....


Taekwondo Olímpico, uma piada sem graça.


Antes de começar quero deixar bem claro que esta é uma opinião, a qual venho aqui dividir com os leitores sobre o que tenho conversado com mestres e técnicos dos Estados Unidos, Europa e Brasil, nos últimos 4 dias, onde todos tem a mesma opinião, ou, senão, muito próximas do que este artigo aborda.

A olimpíada é a principal vitrine do taekwondo como esporte, onde o mundo inteiro observa seus atletas, lutas e arbitragem. E, para nossa tristeza e indignação, as recentes regras que a WTF implantou transformaram um esporte dinâmico de beleza plástica rara pela precisão e eficácia de seus golpes marcantes, em jogo de loteria onde a mediocridade da execução e desleixo das técnicas aplicadas imperam, podendo, ainda assim, serem premiadas – pasmem! - com 4 pontos. Porém, o mais agravante e paradoxal é que a mesma técnica, se aplicada com velocidade, potência, precisão, equilíbrio e contundência, pode ter a mesma pontuação de uma técnica “meia boca”. Ou – pasmem! –, não obter ponto nenhum!

Os coletes eletrônicos não estão sequer próximos de terem a precisão de olhos e ouvidos humanos atentos e capacitados, apesar das dificuldades de acompanharem a velocidade dos golpes, além de não terem a capacidade de interpretação e distinção entre um ponto real e um contato acidental.

O óbvio desta questão levaria automaticamente a conclusão de que os árbitros (sim, eles ainda existem!) usariam sua autonomia para interferir quando a subjetividade do ponto necessitasse da interpretação humana. E o que eles fazem? Absolutamente, nada; a não ser subjulgarem suas inteligências e os sentidos aprimorados por décadas de experiência na função ao “veredito final” dos infalíveis sensores.

A tecnologia deve ser um recurso, uma ferramenta para ser somada a expertise humana para resultar em vereditos mais justos, precisos e menos subjetivos para os atletas. Ela, sozinha, não tem a capacidade interpretativa para ser a palavra final, como a arbitragem acredita, confia e delega tais poderes de forma bizarra e submissa.

A incoerência chega ao ponto de um chute lateral estourar no protetor, chegando a deslocar o atleta com o impacto, e não ser computado o ponto. Em outras ocasiões, vemos chutes pegarem de raspão no capacete ou no colete e, ainda assim, marcarem pontos. Sem mencionar as tentativas desesperadas e ridículas de socos que, surpreendentemente, são computados pela “inteligência” artificial diante dos olhos inócuos da arbitragem que nada faz para justificar sua presença. Paradoxalmente, os mesmos olhos míopes para as técnicas de chutes, são os olhos e a inteligência que marcam os pontos de socos. Mas a arbitragem é perfeitamente percebida quando os técnicos mostram seus cartões para contestarem a decisão das máquinas ou a passividade dos mesmos.

A regra orienta a arbitragem para, no caso de empate, decida o combate baseando-se somente no desempenho dos atletas no 4o round. No mínimo uma regra injusta e sem fundamento. Imagine o atleta que ganha todos os rounds e, por acaso, é tocado pela ponta dos dedos do adversário e ainda assim o ponto é computado, ocasionando o empate e, consequentemente, o Golden point. Neste caso, permanecendo o empate, quem deveria ganhar a luta? Conforme a nova regra, o vencedor é o atleta que foi melhor no último round, em detrimento do histórico da luta.

Para um leigo que nunca viu o taekwondo e o vê pela primeira vez nas olimpíadas, com todos recursos técnicos de múltiplas câmeras e seus super slow motions, poderá achar o esporte patético, injusto e inconsistente.

A WTF transparece insegurança e falta de identidade para a modalidade ao mudar paulatinamente as regras desde as olimpíadas de 2000, seja no formato ou na forma de computar os pontos. Tais mudanças parecem fazer surgir uma nova modalidade a cada década. Porém, sem ser necessariamente uma evolução da anterior. As mais recentes, motivo de tantas controvérsias, fragilidades e inconsistências, parecem ser as mais comprometedoras da modalidade na sua insegura e tênue linha de sustentação no rol de esportes olímpicos. Obviamente que as intenções foram as melhores diante da tentativa quase desesperada da WTF em manter o taekwondo nos jogos olímpicos. A solução radical, talvez, ao invés de aprimorar as arbitragens e investir em tecnologias mais funcionais. Sim, mudaram as regras drasticamente, tiveram muito tempo para lapidá-las e ouvir sugestões de atletas e técnicos e não o fizeram.

Todas estas regras inovadoras de chutes no rosto valerem mais pontos e chutes giratórios ainda mais, são perfeitas. Dentro das intenções imaginadas, dariam mais dinâmica e atratividade aos olhos dos espectadores e fãs do esporte. Porém, não podemos esquecer de forma alguma que o esporte taekwondo vem de uma arte marcial e, com ela, a sua marca registrada de força agilidade, precisão, contundência, velocidade e eficácia. Tais chutes tem mesmo que serem diferenciados na sua contagem através dos seus graus de complexidade técnica. No entanto, sempre primando pelo seu resultado final: a simulação esportiva de um ataque marcial eficaz e sumário.

Outra mudança na regra bem intencionada, mas que requer ajustes, é a penalidade ao atleta que sai da área de luta. O taekwondo em suas regras anteriores tinha por característica longas sequências de troca de golpes. Tais ataques proporcionavam uma aceleração que resultava em contra-ataques fortes e contundentes. Tais momentos deixaram de existir com a nova regra, apesar da falsa aparência de mais combatividade. A área deveria, sim, ser aumentada para poder somar a combatividade com a intensidade e variações dos repertórios de técnicas dos atletas.

Há muitos anos que sabemos que os olhos humanos da arbitragem não acompanham a evolução técnica e a velocidade dos atletas e suas vastas combinações de chutes. Seria nessa hora que recurso do vídeo replay solucionaria as dúvidas e controvérsias. Porém, diante da subjetividade das novas regras, o vídeo perde sua utilidade quando um chute com o dedo mindinho, de raspão, vira o motivo do uso do vídeo replay, contrapondo a dúvida se um chute forte atingiu o colete ou o braço do atleta. O atleta que bate forte e que tem uma técnica apurada pode ser vencido simplesmente por um golpe de sorte que o atingiu ao acaso, de raspão, no lado detrás da orelha, sem querer, no ultimo segundo da luta.

O uso do cartão deveria ser para casos extremos, e não em toda e qualquer situação banal de desespero do técnico ou do atleta. Mesmo tendo uma única de recorrer sob o risco de perder o cartão, percebemos situações nas quais seria desnecessário o uso de tal recurso. É lamentável ver que estes erros estão sendo expostos em uma Olimpíada para milhões de espectadores. São tantos erros e discrepâncias, que até parece que estou aqui para falar mal do nosso esporte. Jamais! É um grito de alerta, somente.



Texto Mestre Edmilson da Silva Filho. EUA.
Revisão Mestre Halder Gomes. Brasil

Comentarios sobre a materia:

Mudar é preciso, mas precisamos ter cautela ao criticar seja atletas ou dirigentes pois é sabido que no esporte dito amador no nosso pais que mais falta do que sobra é complicado malhar como se fosse obrigação do atleta ganhar, pois se é frustante para nós fãs e espectadores imaginem para os atletas que alem das criticas de dirigentes e patrocinadores encaram criticas de tudo que é lugar...salvem o psicologico de cada um.

Fica meu salve ao Diogo Silva que foi um leão até onde deu, pois o cara mostrou o caminho das pedras e tirou um truque ousado contra o Iraniano que deve estar sentido dores na orelha até agora.

Sobre as regras, é um pouco complicado criticarmos, pois se todos ou a maioria dos presidentes de confederações nacionais, assinam a mudança de regras não dá para criticar quem está certo ou não, o que vemos hoje no taekwondo moderno são menos nocautes e mais gente diferente levando medalha olimpica para casa tirando a hegemonia Sul Coreana de seu esporte chefe o taekwondo, o mesmo que já acontece no futebol.

Sobre o Brasil não ter representatividade na WTF  ai a coisa é mais seria que pensavamos, cabe sim aos atletas, mestres entre outros cobrarem, mas não esculachar, muitas vezes para quem ve o TKD  de fora fica achando que a casa é só bagunça, mas acho que ainda dá jeito até 2016.


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