quinta-feira, 14 de julho de 2011

O BICHO TÁ PEGANDO NOS JOGOS MUNDIAIS MILITARES DO RIO


Transtornos marcam chegada de atletas para Jogos Militares
 

FONTE: TERRA.COM.BR


seleção alemã de futebol 619. Foto: Luís Bulcão /Bulcão e Tresdê Assessoria e Comunicação Ltda - Especial para o Terra

Atletas da seleção de futebol da Alemanha tentam, sem sucesso, conectar a internet na Vila Verde
Foto: Luís Bulcão /Bulcão e Tresdê Assessoria e Comunicação Ltda - Especial para o Terra

Direto do Rio de Janeiro

Atrasos no transporte, problemas na alimentação, falta de água quente para banho, sem serviço de internet. Esses são alguns dos problemas enfrentados pelas primeiras delegações de atletas militares que chegaram na Vila Verde, a maior das três vilas preparadas pelas Forças Armadas para os Jogos Mundiais Militares. A competição é considerada o maior teste para os eventos esportivos que o Rio espera receber até 2016.
Mesmo diante dos percalços, a maioria dos atletas aprova as instalações. Há 20 anos representando o exército da França em competições de tiro, Gallois Yves, não poupa elogios.
"São os melhores quartos que já vi. Nos sentimos em casa", afirmou, balançando o seu bigode de pontas alongadas. Capitão de sua equipe, Yves deixa escapar apenas um leve desapontamento. "A comida, bem. Não é como a que fazemos na França, não é mesmo?", brinca.
O mesmo humor já não era tão evidente entre a delegação irlandesa. A equipe de orientação formada por Colin Merritt, Steven McKeingue, James Ledingham, Roathri Kedney e Alan O´Brien parece ter subestimado a longa viagem que fariam de seu país até o Rio de Janeiro.
Após 36 horas de voo e três escalas, eles teriam que esperar mais três horas no aeroporto internacional Tom Jobim até que chegasse um ônibus para levá-los até os alojamentos, localizados em Deodoro, na parte Oeste da cidade.
"Não tivemos nenhum problema com as malas, nenhum problema com a equipe de imigração. Mas ficamos das 9h30 às 12h30 aguardando", contou Merrit.
As aguras dos irlandeses continuaram quando chegaram à vila militar. "Chegamos por volta das 14h. Só fomos conseguir água às 15h45 e comida às 16h", afirmou Ledingham. "Tudo o que eu queria agora era procurar por uma Guinness (cerveja irlandesa), mas desconfio que não vou encontrar", acredita Kedney.
No centro da vila, o refeitório é o ponto de encontro dos atletas. Lá, alguns problemas também têm sido registrados. Respeitosos, os atletas muçulmanos não reclamam de nada abertamente. Mas em uma conversa informal, deixam soltar a frustração com a falta de comida halal, espécie de certificado de autorização indicando que o alimento é liberado pelo Islã. Segundo os atletas, os funcionários garantem que o menu não contém carne de porco. "Mas não é só isso. É crucial para nós que a comida seja apropriada", conta o membro de uma delegação.
Já Daisy Jansen, segunda tenente e integrante do time de futebol feminino da Holanda, conta que ela e suas colegas não puderam tomar banho quente, devido a problemas nos chuveiros. Ela também franze o rosto ao falar do arroz e feijão servido diariamente. "Nós queríamos mais opções de vegetais, não apenas feijão", reclama.
A atacante Jasmin Liebl, primeiro tenente do exército alemão, também não está muito satisfeita com a comida. "Talvez por sermos europeus, você sabe. Esperávamos algumas salsichas para incrementar", confessa. Liebl também chama atenção para o fato de o refeitório não ficar aberto 24 horas, sendo a única opção de alimentação na vila. Muitos atletas ainda estão se adaptando ao fuso horário de seus países e sentem fome em horários diferentes.


Sem conexão wi-fi
No início da noite de quarta-feira, Lebl estava sentada ao lado das colegas junto às muretas em frente ao seu alojamento. Assim como os franceses e as holandesas, elas mexiam seus laptops na tentativa frustrada de captar algum sinal de internet. "Disseram que teria serviço wireless (sem fio), mas até agora, nada".
Apesar das dificuldades, as militares já se sentem à vontade na vila. "São todos muito educados e sempre fazem de tudo para ajudar", elogia. Sobre futebol, a alemã não esconde o orgulho nacional. "Se vamos vencer o Brasil? Bem, viemos para ganhar. Queremos ser campeãs", diz Lebl.
Das janelas dos alojamentos recém construídos e inaugurados oficialmente há mais de um mês, flamulam bandeiras de diversas nações. Nem todos os mais de dois mil atletas esperados - para ocupar os 408 apartamentos dotados de sala, varanda, quatro quartos, sendo um com suíte reversível, um banheiro e uma cozinha, que ficarão como legado para as Olimpíadas de 2016 - já chegaram. Marteladas ainda podem ser ouvidas em alguns blocos, empregados colam adesivos com indicações. Mesmo diante de preparos e reparos de última hora, a hospitalidade e empolgação brasileira parecem contrabalancear as dificuldades.
"Estamos aqui há apenas um dia. Todos são maravilhosos. Deu para notar no caminho que algumas partes do Brasil são bem parecidas com o nosso País", afirma Hakouni Ali, um dos técnicos da delegação da Argélia. "Tenho muito orgulho de estar no Brasil. Meu pai, que não costumava ir a estádios de futebol, foi assistir o Pelé jogar em 1965. A Seleção Brasileira foi a primeira a se apresentar no nosso país depois que ficamos independentes", lembra.
Já no Brasil há 21 dias - antes ficaram alojados em acomodações militares em Resende - os atletas dos Emirados Árabes são os mais empolgados. "Foi um sonho que realizei: chegar até aqui. Agora eu digo para todo mundo. Sim, é possível", diz Aadel Salem, atleta de orientação. "Assisti vocês jogando futebol a minha vida inteira. Vi o Ronaldo! É inacreditável estar aqui".


Justificativas
O Comitê Organizador dos 5° Jogos Mundiais Militares Rio 2011 afirma que a abertura das vilas de atletas estava prevista para o dia 12 de julho, porém um grande número de atletas chegou antes do previsto. Os atletas foram recepcionados nas vilas, mesmo em fase final de prontificação.
De acordo com o comitê, obras como as das vilas de atletas necessitam passar por uma revisão final, que estava em andamento. Os organizadores admitem que incidentes pontuais ocorreram durante a ocupação inicial e afirmam que eles têm sido sanados pelas equipes de plantão das construtoras.


Cardápio
Ainda de acordo com o comitê, o cardápio internacional foi divulgado previamente para as delegações. Os organizadores afirmam estar buscando atender às necessidades específicas.


Transporte
Sobre os atrasos nos deslocamentos, o comitê alega que a inspeção de armamento e munição e a liberação das vias de transporte Galeão-Vilas, com elevado número de atletas, podem retardar o fluxo. "O atendimento no aeroporto tem obtido a cooperação de todos os órgãos envolvidos e agilizado o máximo possível", afirmou o comitê através de sua assessoria de imprensa.

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