quinta-feira, 16 de junho de 2011

Falavigna cogita ficar fora do Pan-Americano por sonho olímpico



Grande esperança do taekwondo brasileiro, Natália Falavigna descartou a possibilidade de competir no Pré-Olímpico que acontecerá de 30 de junho a 3 de julho, em Baku, no Azerbaijão. Agora, a atleta cogita perder também a disputa dos Jogos Pan-Americanos, em outubro, em Guadalajara.
Desta forma, a grande competição para Natália Falavigna passaria a ser a seletiva para a Olimpíada de Londres 2012, de 18 a 20 de novembro, também em Guadalajara, no México.

"Eu quero é carimbar o passaporte. Infelizmente, uma competição vai ficar muito próxima da outra. Então, preciso estudar bastante esse calendário. Não é uma competição agora, ou outra ali, que vai influenciar os resultados olímpicos. Isso eu tenho muito bem definido na minha cabeça e o meu grande interesse mesmo é participar da seletiva. É ela que garante a vaga para os Jogos Olímpicos. Essa é a minha competição. É para ele (Jogos) que eu tenho que estar bem preparada", afirmou Falavigna, ao Terra.

Hoje atleta do Fluminense, a brasileira está se recuperando de uma cirurgia no ligamento cruzado anterior do joelho direito, realizada em fevereiro, quando treinava para o Aberto dos Estados Unidos de taekwondo.

"No ano passado, fiz a primeira cirurgia, fizemos a recuperação toda certinha, mas sabíamos que mais cedo ou mais tarde isso iria acontecer", destacou ela, medalhista de prata nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em 2007, e de bronze nas Olimpíadas de Pequim, em 2008.

De acordo com o fisioterapeuta Bernardo Pinheiro, que cuida da atleta, o prazo para a recuperação é de seis meses, e ela só voltará a competir quando tudo estiver 100%.

Mesmo diante do prazo dado pelos médicos, Natália Falavigna ainda faz planos para competir nos Jogos Mundiais Militares, que acontece no Rio de Janeiro, de 16 a 24 de julho, na categoria acima de 67 kg, já que foi incorporada às forças armadas no fim de 2009, como 3ª Sargento do Exército.

"Incorporei as Forças Armadas mais pelo ideal de defender o meu País através do esporte. Já que o esporte e as Forças Armadas têm valores muito claros. Mas vou fazer tudo certo, se der para competir será muito bom, mas não quero fazer nada com pressa. Minha recuperação é o primordial do meu trabalho", destacou.

Nesse hiato de trajetória esportiva, desde a primeira cirurgia no ano passado até agora, Natália Falavigna não viu nenhuma atleta despontar, o que faz o sonho olímpico de 2012 ganhar mais força.

"Não tem nenhuma grande atleta na minha categoria (acima de 67 kg) que despontou nesse tempo em que estive parada. Nenhuma está se sobressaindo. Por um lado isso é bom, mas pelo outro, sei que são grandes atletas que estão aí", ponderou.

Ela usa o tempo sem competições para pensar na carreira e na vida. A mudança para o Rio de Janeiro, o contrato com o Fluminense e o convite para fazer parte da equipe Time Brasil foram encaradas com serenidade.

"Quando surgiu o convite para mudar para o Rio e fazer parte do Time Brasil, não pensei duas vezes. Aceitei o convite, e sei que fiz a escolha certa. Vim para uma cidade que eu gosto e que tem uma qualidade de vida ótima. E fazer parte de um grande clube só tem a acrescentar coisas positivas para o meu trabalho. Estou muito feliz."

A recuperação
Natália Falavigna encara a recuperação de forma positiva. A atleta vem procurando seguir as orientações que o fisioterapeuta e a preparadora física têm passado para que não aconteça novamente nenhum problema durante esse processo.

"Eu tenho muita tranquilidade e sei que vou sair desse processo diferente. Eu já encarei essa segunda cirurgia completamente diferente da primeira. Eu sei que vou sair fortalecida. E de repente tudo aconteceu porque tinha que acontecer. Era um momento de pisar no freio, parar um pouco, e repensar. Repensar a minha carreira, as minhas decisões como pessoa. E me reafirmar dentro do taekwondo e para mim mesmo, para saber quem eu sou, o que eu quero. E aquilo que eu almejo".

Falavigna treina diariamente em dois períodos. Ela já consegue fazer movimentos em linha reta, sem muita mudança de direção, além de realizar um pouco de treinos técnicos e um trabalho de força. A brasileira garante que a análise de lutas das principais adversárias também faz parte da rotina.

"Eu não estou descansando. Tenho trabalhado o dobro, me esforçado bastante. Quando você volta de uma lesão, você tem que buscar uma melhor capacidade e se aprimorar para que realmente volte a ter toda a funcionalidade. Então, às vezes, eu fico até mais tempo. Por que são pequenos detalhes, correções, que precisam ser melhoradas. Estou procurando passar por esse momento de forma tranquila e calma para quando voltar a treinar totalmente eu não tenha mais problemas."

O começo

Natália Falavigna chamou mais a atenção na Olimpíada de 2008, em Pequim, quando conquistou a medalha de bronze, a primeira do taekwondo brasileiro. Mas a carreira da atleta já vinha sendo estruturada desde 2000, quando ela venceu o Campeonato Mundial Juvenil.

Antes de escolher definitivamente os tatames, Natália praticou diversos esportes. Passou por vôlei, handebol, natação, tênis, entre outros, mas, principalmente a falta de um técnico durante uma competição, a fez definitivamente optar pelas artes marciais.

A única certeza que a então garotinha tinha é que seria uma atleta e participaria de Olimpíadas e Mundiais. Ficava se comparando com esportistas de ponta da época, e queria um dia ser igual a eles para subir a um pódio.

Até que uma amiga das aulas de inglês a levou para assistir um treino de taekwondo em uma academia pequena, sem janela, no fundo de uma ótica, em Londrina, no Paraná. A paixão foi instantânea e logo Natália Falavigna já estava integrada com as aulas.

Ela passava grande parte do tempo na academia, treinando ou ajudando aos mais graduados, tudo para ficar o mais próximo possível daquele ambiente de lutas. "Eu me lembro que, pela terceira aula, o meu primeiro professor, que foi meu treinador, falou que eu deveria continuar treinando, que eu seria campeã mundial juvenil dali a dois anos. E foi o que aconteceu".

No mesmo ano da primeira grande vitória, Natália viu o esporte pela primeira vez em uma Olimpíada (em Sydney, na Austrália). E as aspirações logo poderiam se tornar realidade: competir em um dos maiores eventos esportivos e conquistar a tão sonhada medalha olímpica.

"O destino me levou para o taekwondo e colocou uma pessoa muito especial na minha vida, que deu asas aos meus sonhos e fez com que eles se tornassem realidade. Eu me acertei no esporte graças ao Clóvis Aires, meu primeiro professor e técnico, que sempre acreditou em mim e me estimulou a continuar a lutar", recordou a atleta do Fluminense.

Natália Falavigna deixou de treinar com Clóvis Aires em 2004. A conquista olímpica permitiu que a atleta pensasse em vôos mais altos para o futuro. Este será um ano para a lutadora buscar a vaga e se recuperar totalmente da lesão que sofreu no inicio do ano. É acertar os golpes para 2012.

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